Cristiano Mariotti

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Coluna Cristiano Mariotti: Prova de fogo na mais antiga rivalidade do Brasil

Ideologicamente separados desde seus surgimentos, Vasco e Flamengo de tantas diferenças terão algo em comum na próxima quinta-feira: a chance de provar com uma vitória sobre o arquirrival (tanto para um como para outro) de que possuem a capacidade de seguir em frente, ambos em fase de reconstrução, e de que há luz ao que se aparenta como trevas hoje.

Se fora de campo, ambos acenam com a possibilidade de um modelo de gestão mais profissional no futebol, dentro de campo não há como negar que a desconfiança ainda reina por parte de suas torcidas perante seus times. Com razão: verdade seja dita. No caso em especial do nosso Vasco, o percentual de aproveitamento de cem por cento em três jogos no campeonato e em quatro jogos no ano não são suficientes ainda para convencer à torcida sobre a real capacidade desse time que ainda está sendo montado. Nesse momento, o principal argumento é o nível técnico dos adversários que enfrentamos até aqui, com exceção talvez do Ajax da Holanda.

Nos dois últimos jogos, em especial, houve um sofrimento mais do que o esperado para derrotarmos Macaé e Resende, respectivamente.  Assim será enquanto necessitarmos de ajustes pontuais nesse novo time. Ainda que qualquer análise mais generalizada seja objeto de polêmica e contestação preferindo quem lhes escreve pregar pela prudência nesse momento e aguardar mais alguns jogos para se ter uma noção de causa mais bem definida, algumas constatações momentâneas podem ser observadas, repito, ao menos de minha parte: Alessandro está inseguro no gol e não passa confiança. André Ribeiro me parece fraco para jogar no Vasco. Precisamos, rapidamente, de DOIS volantes no meio de campo, pois com a ausência de Douglas (que pode estar deixando o clube) e com uma zaga formada por André sendo um dos zagueiros, não há Mito Dedé que resista e jogando apenas com um volante de ofício a lhe proteger. Um desses volantes deve ser mais pegador, ao estilo Leandro Ávila, Nasa o Amaral “coveiro” dos anos 1990. Pode ser, quem sabe, o Abuda, mas para isso precisamos de que Elsinho ou Nei entrem nesse time, deslocando o improvado lateral hoje para sua posição de origem.

No meio-campo, Jhon Cley ainda é muito “verde” para fazer parte dos onze principais. Pedro Ken não precisa jogar tão recuado: pode ser um terceiro homem mais avançado, tendo em questão a qualidade de seu passe e seu menor poder de marcação. No ataque, ainda contesto esse esquema de não se ter um homem de referência na grande área, de forma a prender aos zagueiros adversários. Tenório seria o homem, mas vive eternamente lesionado. Paira a incerteza, então nesse momento, se o seu substituto natural Leonardo possui envergadura para segurar essa posição no time. Enquanto isso, vamos vivendo com mais duas incertezas na construção e na finalização das jogadas: até quando poderemos contar com os lampejos de Bernardo e Carlos Alberto? Ambos que por justiça têm feito um começo de temporada acima das expectativas, mas que ainda precisam jogar muito mais de forma constante para comprovar à torcida de que podem ser muito úteis, realmente. Assim como Éder Luís, que vive de sua velocidade e lampejos de ponta agudo tal como nos anos 1980 para que seu futebol seja notado pela torcida, consequentemente, que a mesma possa voltar a confiar plenamente nele como opção, tal como já confiou de forma majoritária um dia.

Percebe-se que ainda são muitas as incertezas, mas que enquanto ao meio delas, TODOS no início do ano colocavam ao Vasco como “quarta-força” do Rio de Janeiro, essa mesma “quarta-força” vem provando ao meio das dificuldades de que há esperança por dias melhores. Pelo menos, em campo e tendo como sustentáculo os profissionais que foram contratados para dar suporte a essa nova fase que, em discurso, o Vasco acena.

Até a próxima quinta-feira, o tom da de todos nós será de tranquilidade, pois estará em jogo nesse dia “a mais antiga rivalidade do futebol brasileiro”, desde os tempos do Remo e chegando ao esporte bretão. Não me restam dúvidas que bastará uma derrota (se acontecer) para que a “maré vire” e o que era tranquilidade passe a ser, novamente, apreensão, principalmente por grande parte de quem ficou otimista com os três primeiros triunfos do ano. Virão os argumentos até compreensíveis de que ainda não havíamos nos defrontado contra uma equipe grande, mesmo que essa equipe grande seja um time em que pese o fator camisa, joga muito mais por ela hoje do que propriamente por sua qualidade em si. E que mesmo na incompletude, ainda conseguimos ter um time mais qualificado do que nosso arquirrival.

Sem dúvida, é a primeira grande chance do ano para se provar que o caminho é tortuoso, mas que a guerra não é inglória conforme todos pensavam. É fato que existem muitas equipes mais bem preparadas do que o arquirrival, mas vencê-los, para mim em especial e para a autoestima de pessoas que como eu vivenciaram os tempos de rivalidade mais aflorada, com certeza torna-se especial, além de “dar um gás” maior aos profissionais e a torcida para que continuem acreditando no que há de melhor que tempos, além de apoiando ao clube incondicionalmente e acima de qualquer rixa interna que sabemos que existe.

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Cristiano Mariotti
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