A
situação VERGONHOSA de constatação do estado de risco de uma construção como o
Engenhão (que gastou milhões de reais do dinheiro público para apenas seis anos
de uso) reacende a polêmica sobre a utilização do ÚNICO estádio hoje, na
capital fluminense, em condições de abrigar grandes jogos que é o estádio
privado de São Januário.
Templo
sagrado da torcida vascaína, erguido pela mesma e sem um centavo sequer de
dinheiro público investido. Outrora palco de grandes eventos, até mesmo de
desfiles cívicos e pronunciamentos do Presidente da República à época Getúlio
Vargas, São Januário já comportou finais de campeonatos, tais como a primeira
partida da final da Copa Libertadores da América de 1998 e da Copa Mercosul de
2000, e mais recentemente a primeira partida da final da Copa do Brasil de
2011. Símbolo de resistência de uma instituição contra os rivais que queriam
ver o Vasco longe da Liga sob pretexto de não ter estádio próprio, hoje poderia
ser a solução para esses mesmos mandarem lá suas partidas, aceitando em
contrapartida que os grandes clássicos fossem lá realizados no período sem
Maracanã e sem outras alternativas.
Se
muitos ainda se apegam em um incidente que ocorrera na final do Campeonato
Brasileiro de 2000 para contra-argumentar sua utilização, se esquecem de que,
no entanto, tratou-se de um fato isolado, irresponsável mas sem consequências
de morte ou de graves ferimentos irreversíveis para as vítimas, ao contrário do
que, por exemplo, ocorrera no outrora “maior do mundo”, durante a final do
mesmo campeonato nacional em 1992, em que com a queda do alambrado, ainda assim
e ao meio de tantos feridos graves e com um cordão de isolamento feito pelos
próprios torcedores do arquirrival, houve jogo normalmente, em uma prova maior
de irresponsabilidade até hoje não dita de forma clara pela mesma parte da
imprensa que hoje condena São Januário para eventos dessa natureza.
Ou
então, o que dizer do tiro disparado das antigas cadeiras azuis na final da
Copa América de 1989, Brasil 1 vs 0 Uruguai, acidentando ao pai de um jovem em
sua cabeça durante a comemoração do gol de Romário à época? Em mais uma prova
de que a segurança no estádio que tantos formadores de opinião pregam, muitas
vezes, se torna falha, independentemente da praça de desporto ou do público
presente na mesma.
E
ainda sobre esse mesmo incidente da final de 1992 em pleno Maracanã: o
acontecimento levou ao governo do estado a fechá-lo para reformas durante seis
meses. Como consequência, tivemos um Campeonato Carioca durante o segundo
semestre do mesmo ano com a grande maioria de seus grandes clássicos disputados
em São Januário. No caso do Vasco, TODOS seus clássicos (tanto na Taça Guanabara
quanto na Taça Rio) foram lá disputados, em tempos em que o Vasco tinha
expressividade e representatividade junto às federações. Como “retaliação” (a
si próprios em primeiro lugar), os eternos parceiros Fla-Flu preferiram mandar
um de seus jogos no Estádio Italo Del Cima, em Campo Grande. Lugar apropriado
na época para quem não reconhecia a nossa praça de desporto como de grande
valia para eventos de alto nível.
Em
síntese e para mim, não existem argumentos tão ou mais graves no interior de um
estádio como esses dois últimos citados ocorridos que me convençam sobre a
não-utilização de São Januário como casa para grandes jogos de clubes do Rio de
Janeiro (clássicos regionais, inclusive) na ausência do Maracanã e do Engenhão.
Se contra São Januário pesa o eterno argumento das ruas estreitas e de difícil
acesso, o que dizer das ruas do entorno do recém-interditado estádio, então? Se
o argumento for a briga entre as torcidas em seu entorno, o que a segurança
pública tem a dizer sobre os tiroteios e as brigas entre torcidas na estação de
trem na Ala Sul, no interior da praça de alimentação do shopping localizado no
bairro adjacente e nessas mesmas ruas igualmente estreitas (tal como no
relegado São Januário) em seu entorno? E o mesmo nos entornos do Maracanã, algo
que sempre teve desde que me conheço como torcedor de futebol e frequentador
assíduo dos estádios? Nas vias de acesso público, inclusive? Será que a
violência só existe nos entornos de São Januário, mesmo não reurbanizado ainda?
É
estarrecedor quando a segurança pública – órgão do governo do estádio cuja
OBRIGAÇÃO é garantir a segurança da população – afirma que não garante a
segurança para jogos no Estádio Vasco da Gama, quando em um exercício de
competência e de boa vontade, a segurança pública do estado paulista, por
exemplo, garante a segurança em grandes clássicos regionais disputados na Vila
Belmiro, estádio dos Santos FC, tal como garantia no Palestra Itália da SE
Palmeiras (antes de seu fechamento para reformas) e até mesmo em clássicos
disputados no interior paulista.
Ainda
mais estarrecedor quando as mesmas autoridades são capazes de autorizar jogos
entre grandes torcidas, muitos se deslocando a mais de cem quilômetros da
capital e com risco de se encontrarem pela Via Dutra ou por ruas ao redor do
Estádio da Cidadania, em Volta Redonda. Com todo respeito ao belo estádio da
cidade do Sul-Fluminense, os mesmos problemas de ruas estreitas e de divisão de
torcidas no interior desse estádio (sem um muro ou um vão específico) poderiam
ser utilizados como argumentos para proibir a sua utilização. Ao contrário
disso, são ignorados por quase todos da mídia esportiva. Já quando se trata de
São Januário, é encarado como uma temeridade liberar a divisão igual de
ingressos para ambas as torcidas. Quais são os argumentos para que nos
convençam de que, no Estádio da Cidadania e mesmo sem qualquer divisão em
concreto, isso seja possível e em São Januário, não?
Que
fique bem claro que, obviamente, o Maracanã (assim que liberado) deve voltar a
ser o palco dos grandes clássicos do Rio de Janeiro. Afinal, é um estádio do
Rio de Janeiro construído com dinheiro público do contribuinte, e portanto, É
NOSSA CASA TAMBÉM. No entanto em sua ausência, soa como desprezo relegar a
utilização de São Januário. Aparenta ser muito mais uma questão de má vontade
com o clube ou ainda, questão de não querer dar a mesma vantagem no qual o
Botafogo vem usufruindo há tempos ao Vasco.
Sobre
o TAC (mal redigido e assinado sob a complacência do ex-VP Jurídico e do nosso
atual Presidente), trata-se praticamente é um termo proibitivo, intimador em
seu conteúdo, e não somente ajustador como haveria de ser. Uma vez que o Vasco
cumprisse tais exigências explicitadas nesse termo, haveria de se posicionar
para que, no próximo Campeonato Carioca e em caso de fechamento do Maracanã e
do Engenhão, houvesse uma assinatura de TODOS os clubes concordando em jogar em
nosso estádio nos jogos em que o clube tivesse direito ao mando de campo.
Medida sensata, dentro do que foi estabelecido pelo termo e sem maiores contestações
das autoridades, que por conseguinte, não teriam argumentos mais para tal
proibição.
Se
o Vasco realmente deseja exercer seus direitos, o caminho é esse. Do contrário,
vira bravata de nosso diretor-executivo Renê Simões e gerundismo de nosso Presidente,
que horas antes na última quarta-feira, afirmara (em mais um discurso
gerundista): “estamos trabalhando para
mandar nosso jogo contra o Botafogo em São Januário”; e que horas depois,
no mesmo dia, viria a confirmação do que todos já desconfiavam: nada feito!
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